domingo, 9 de setembro de 2007

Santa Inquirição

A ALA realizou este ano o primeiro Gaming, Learning, and Libraries Symposium. Se a inclusão do gaming associado às bibliotecas poderá parecer estranha, talvez a leitura desta recensão traga alguma luz ao assunto... e que cada um faça o seu juízo.

O que mais fascinou o adrian foi o seguinte: um painel de adolescentes (13 aos 19 anos), em que os mesmos respondem a perguntas do público (maioritariamente bibliotecários), acerca das suas expectativas face aos serviços que lhes são prestados nas bibliotecas, ao acesso à informação, à web e afins. Assim se concebem estratégias para adolescentes, como se tem defendido em estudos mencionados neste pasquim (aqui, aqui, e aqui). Confirma-se pois a famosa expressão de Baden Powell – ask the boy – que, sendo militar, era um pedagogo de primeiríssima água. O seguinte episódio também se destaca: quando o moderador desse painel – Stephen Abram –, perguntou aos adolescentes como avaliavam o conteúdo recuperado através das suas fontes preferidas (Google e Wikipedia) para a elaboração de trabalhos, a resposta de um rapaz de 13 anos foi a seguinte:

“I use Wikipedia a lot. I know you’re supposed to trust the sites that have a .gov or .edu extension, but who are you gonna trust? The government or the people?”

Estivesse por cá o Fernando Pessa e diria: e esta, hein?

P.S. – o seu a seu dono: ver bibliotecário 2.0. Bem-haja, Júlio.

foto aqui

6 comentários:

Julio Anjos disse...

O áudio tem algumas deficiências e um bom equalizador ou um mago de áudio será necessário para fazer o milagre de limpar isto (uns cinco ou seis microfones ligados e mixed com níveis diferentes), mas toda a sessão do painel foi gravada em MP3 e está disponível em http://theshiftedlibrarian.com/glls2007/20070723-TeenPanel.mp3

Julio Anjos disse...

PS: Não é a primeira vez que o Stephen faz um focus group destes.

Num ano em que assisti à ACRL fez uma sessão de "convívio" bibliotecários-adolescentes, de um dia inteiro, com mesas e os adolescentes mudavam de mesa todos os 30 minutos.

O almoço (brown-bag e pizzas encomendadas na hora) foi oferecido pela organização.

Previamente tinham sido gravados vídeos, em algumas high-schools locais (zona de Minneapolis), registando a opinião de vários adolescentes (e vários níveis etários).

Os "teens" com as opiniões mais interessantes/estranhas/impopulares/debatíveis foram os que foram depois entrevistados pelos bibliotecários.

Infelizmente esta sessão era por registo prévio e quando pude confirmar o meu registo e viagem já estava esgotadíssima.

Gaspar Matos disse...

Fiquei impressionado com o currículo do Stephen Abram mas, acima de tudo, com a capacidade de adaptação que o mesmo tem para com os públicos adolescentes. Temos de lhes dar a importância devida, remetendo-nos para o nível deles: nível este não maior nem menor, apenas diferente. E eles têm tanto para nos ensinar (e nós para relembrar...)

A ideia do almoço é fantástica. Quem sabe se não acontece por cá um dia destes...

Um abraço, Júlio, e volta sempre!

Julio Anjos disse...

A relação do Stephen com os adolescentes... bem... para além de tudo o resto em termos profissionais e do facto de a empresa em que ele é vice-presidente ser exímia em estudos de uso e 'personnas', a verdade é que ele tem um bom treino: tem um filho (Toronto, finalista este ano) e uma filha (York, finalista em 2010) em transito pelo sistema universitário canadiano

Gaspar Matos disse...

Gostei do blog dele, o Stephen’s Lighthouse. Já conheces, com certeza, mas aqui fica o link para eventuais interessados: http://stephenslighthouse.sirsi.com/

Julio Anjos disse...

E não esquecer op repositório pessoal público: http://www.sirsi.com/Resources/abram_articles.html