quarta-feira, 25 de junho de 2008

Asas de borboleta

Várias vezes o adrian tem encontrado valiosas dicas via bibliotecário de babel. Pois o seu autor vai editar, via Oficina do Livro, O Efeito Borboleta e outras histórias: uma boa recomendação para jovens, nomeadamente para os que se queixam da extensão/espessura/volume das obras literárias. São micro-contos, pequenos contos, prosa não-extensa, o que lhe quiserem chamar. A apresentação do livro será dia 27 de Junho, na Casa Fernando Pessoa, por António Mega Ferreira. Aqui fica um cheirinho da obra (esta passagem dá pelo nome de Quatro Pregos):
"A campainha tocou uma, duas, três vezes. À quarta, Pete praguejou, desceu do escadote, pousou o martelo na mesa da sala e foi abrir a porta das traseiras. Entre os lábios, com a ponta afiada para fora, quatro pregos. Mal o viu, reconheceu imediatamente o rosto atrás da rede. Era Carver, Raymond Carver, o vizinho escritor e alcoólico. Um homem metido para dentro, pouco falador. Sabia que ele tinha publicado dois ou três livros de histórias curtas, mas não lera nenhum. Olivia, com o cinismo velhaco que usava contra tudo e contra todos, costumava dizer que se ele fosse um grande escritor, dos verdadeiramente bons, não viveria decerto naquele bairro.
«Desculpe incomodá-lo, mas pode oferecer-me alguma coisa que se beba?», perguntou Carver, coçando a barba mal feita. Saliva nos cantos da boca seca, olhos semicerrados por causa da luz forte do meio-dia.
«Não sei onde meti as chaves de casa e a minha mulher só deve estar de volta daqui a umas horas.»
Pete abriu a porta de rede, guardou os pregos no bolso e foi buscar gin, copos, duas cadeiras, um balde de plástico com gelo. Daí a muitos anos, pensou, aquele desgraçado de mãos trémulas talvez viesse a inclui-lo, a ele, Pete, com outro nome mas os mesmos gestos, num conto qualquer. Tinha quase a certeza de que o faria. E meia garrafa de gin era um preço perfeitamente aceitável para aceder a essa espécie de eternidade."
SILVA, José Mário. Efeito borboleta e outras histórias. Lisboa : Oficina do Livro, 2008. 140 p. ISBN 978-989-555-374-7.
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domingo, 15 de junho de 2008

Ano I

Este blog faz hoje um ano. O adrian agradece as visitas e os comentários, congratula-se pelas pessoas que conheceu neste blogomundo e espera andar por cá mais uns tempos, partilhando pontos de vista sobre jovens, leituras, bibliotecas e afins. Bem-hajam!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Hip Hop Pessoa

O adrian reteve esta notícia, e dá eco da inciativa. Cita-se o site HipHop Tuga:
“Dia 13 Junho, a partir das 18 horas, no âmbito das comemorações dos 120 anos do nascimento de Fernando Pessoa, vai ocorrer no Terreiro do Paço (Lisboa) o evento "Hip Hop Pessoa", "um encontro entre os escritos do poeta e algumas das mais aplaudidas vozes do movimento Hip Hop nacional". Este encontro corresponde à primeira resposta a um convite efectuado pela Casa Fernando Pessoa e a Câmara Municipal de Lisboa à editora Loop Recordings. Uma segunda produção está a caminho, num CD+DVD de igual homenagem a Fernando Pessoa, com saída prevista para Setembro. Adianta-se desde já a direcção artística, entregue a D-Mars, e alguns dos nomes envolvidos: Pedro Laginha (actor e vocalista dos Mundo Cão) em colaboração com DJ Ride, Marta Hugon em colaboração com os Spill de André Fernandes, Kalaf em colaboração com o trio do saxofonista Rodrigo Amado, D_Fine e Rocky Marsiano, Maze com o DJ Soma, Fuse, Melo-D, Sagas, Raptor e Sam The Kid com o seu pai, Viriato Ventura.”

Segundo as palavras de Inês Pedrosa (Casa Fernando Pessoa) ao Correio da Manhã, “pretende-se uma actividade que atinja os mais jovens”. O adrian não faz futurologia mas, optimista como é, acredita que é um tiro num porta-aviões (e, a sê-lo, aproveite-se, reestruture-se e integre-se em itinerâncias sob a égide da DGLB)!
Mais uma coisa: fica desde já prometido um post para essa edição CD+DVD de homenagem ao homem da tabacaria. Se não o lerem, pelo menos ouvi-lo não lhes faz nada mal.

Highlander


Pela mão da Gailivro – estão a atacar em força o género fantástico, não há dúvida –, chega às bancas esta semana a mais recente obra de Michael Scott, reputado autor irlandês a residir em Dublin e um especialista em mitologia e folclore. O Alquimista: o segredo do imortal Nicholas Flamel venceu o Book Sence Children´s Pick List de 2007, o Texas Lone Star Reading List (porque é que este galardão recorda o adrian de um certo Presidente Americano… Já sei! Texas = Lone Star = Lone Ranger = Tonto! É isso, Tonto!), e foi finalista do Kirkus Reviews 2007 Teen Book Vídeo Awards.

Pela editora:

«O livro foca-se em Sophie e Josh Newmen, gémeos adolescentes que se encontram apanhados numa batalha entre o Bem e o Mal. Nos próximos livros os gémeos irão atravessar a América, para aprenderem as magias antigas enquanto são perseguidos por criaturas mitológicas de vários países. Flamel será o guia e professor de Sophie e Josh Newmen. Nicholas Flamel nasceu em Paris, em 28 de Setembro de 1330. Quase setecentos anos depois, é reconhecido como o maior alquimista de todos os tempos. Diz-se que descobriu o segredo da vida eterna. Os registos certificam que morreu em 1418, mas o seu túmulo está vazio. Nicholas está vivo, graças ao elixir da vida que produz há séculos. O segredo da vida eterna está escondido no livro que protege – o Livro de Abraão, o Mago, o livro mais poderoso de sempre. Se for parar às mãos erradas poderá ser o fim do Mundo.»

Tenham medo, muito medo!!! O adrian fica banzado com a similitude desta obra com o filme Highlander (traduzido em português como Duelo Imortal) e imortalizado (a expressão não poderia ser melhor) por Christopher Lambert. Mas essa é preocupação que não afectará os públicos leitores, com toda a certeza. São mais 384 páginas (e ainda dizem que os jovens lêem pouco) de mezinhas, pozinhos, duelos, magos e promessas de fim do mundo. Tal como dizia Pennac, a grande sorte que teve ao longo da vida foi nunca lhe terem criticado as leituras. Deixaram-no escolher. Deixemo-los, pois.

SCOTT, Michael. O Alquimista : os segredo do imortal Nicholas Flamel. Lisboa : Gailivro, 2008. 384 p. ISBN 9789895575473.
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Eclipse

A sorte sorriu aos amantes de romances à moda da Transilvânia: a Gailivro fez sair, na última quinzena de Maio, o volume final da trilogia Luz e Escuridão, da autora Stephenie Meyer. Após Crepúsculo e Lua Nova, eis que chega Eclipse. E que mais podem os teens querer? Ao fim e ao cabo são 608 páginas (valentes!) de mortes inexplicáveis, vampiros com crises de identidade e desamores de liceu. E, já agora, não esquecer que foi este o título que destronou o último Harry Potter da tabela de mais vendidos do New York Times.

Estão à espera de quê para completar a colecção? Os vossos leitores agradecem. E, já agora, o adrian aconselha uma pesquisa Google: stephenie meyer + eclipse. São blogs e páginas Web com fartura, com tudo sobre esta saga. Aproveitem para colocar alguns links junto aos PC’s de acesso à net.
MEYER, Stephenie. Eclipse. Lisboa : Gailivro, 2008. 608 p. ISBN 9789895575183.
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quarta-feira, 11 de junho de 2008

Selecção Angelus Novus

E, já que o adrian está numa de Selecção Nacional, digam lá se esta publicidade da Angelus Novus não está uma maravilha? Ideal para teens que sonham ser como o Ronaldo: uma equipa de categoria com Fernando Pessoa (Mensagem), Bernardim Ribeiro (Menina e Moça ou Saudade) e Diogo do Couto (O Soldado Prático). Bem esgalhado! Mal lhe ponha as mãos em cima irei aqui sugerir a Ovelha Negra e outras fábulas, de Augusto Monterroso (recentemente reeditado por esta casa conimbricense).

Aproveitem e dêem uma voltinha pelo site e blog da editora. Vale mesmo a pena!
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Euro 2008, amor e bibliotecas


A Sic apresentava esta semana, após o Jornal da Noite, uma reportagem sobre a vida de Pepe, jogador que, no transacto sábado, marcou o primeiro golo da Selecção Portuguesa contra a Turquia, no Euro 2008. O adrian apanhou esta resposta à pergunta de Daniel Oliveira “Onde conheceu a sua mulher”. Resposta: “A gente costumava ir na mesma biblioteca”. GOOOOOOLO!
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English

It’s been a while since a post was published here in this blog. The main reason was that adrian’s puppeteer was having a huge work regarding the III Encontro Oeiras a Ler – A Promoção da Leitura para os Públicos Jovens e o Papel da Biblioteca Pública. And, for the same reason, this text will be entirely in English. Why, would you ask? Well, due to some reflections that came afterwards. But, read on and you’ll find out more…

The meeting was quite good. One should not be ashamed of making a nice work, and all the team from the Oeiras Public Libraries connected to this event finished it with a sense of accomplishment and fulfilment. Over two days the speakers shared their best practices, the audience asked pertinent questions, the breaks and schedules were respected in the best way possible, the simultaneous translation went as planned and Manuela Barreto Nune's task of Conclusions/Recommendations was very sucefull, acting has a summula of all the work produced in the 29th and 30th of May. Max Butlen and José Soares Neves made their presentations based in a more theoretical way, in the first morning, while the afternoon brought the field experience of Michele Gorman and Jonathan Douglas. The second day came with more practical overviews from Christian Schmitz, Lorenzo Soto and Paula Brehm-Heeger. Each moderator acted as planned, introducing the professionals invited and conducting the discussions afterwards.

So, what does this have to do with writing a post in English? Well, there were 110 seats available and, more or less, 80 inscriptions. The 45 euros fee included lunch on both days (so, it was not expensive). Taking this in consideration, one of the main surprises of the speakers (who where, “only”, the Director of the National Literacy Trust, the President of Yalsa, the architect working on a regular basis with the Bertelsmann Foundation, a responsible of the Centre of Childhood and Youth Literature of the German Sanchez Ruy-Perez Foundation, one of the best recognized trainers of youth librarians in the U.S.A., a university teacher that already worked for the governments of Brazil and France and that is one of the most recognized experts in youth literature, reading and pedagogy and – last but not least - a renowned Portuguese investigator of the Observatório das Actividades Culturais) was that the room where the III Encontro took place was not full. From one of them it was heard the following comment:

“I never had seen such a programme regarding teens and public libraries from so many different countries and aggregating different views. I know at least 20 or 30 professionals from my home country that would pay to be here”.

So, here’s the reason why adrian wrote this post in English. If Portuguese (and this includes people from public, school and university libraries, state and private institutions and post-graduate students) aren’t enough to fill up a room of 110 seats (which one could find – and can -, rather unbelievable, especially concerning the programme proposed), so let’s start speaking to the next targeted audience. Got it?

p.s. – and don’t be afraid, you Portuguese Librarians that came to this III Encontro: for you who have the will to speak out, share and think, adrian bets that there’ll always be a pair of headphones.
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