sábado, 18 de agosto de 2007

Chiu!

Como aqui se fala de aja’s (adolescentes e jovens adultos) e bibliotecas, este assunto não poderia ser mais premente. Um artigo fantástico, publicado no Bulletin des Bibliothèques de France, da autoria de Marielle de Miribel, acerca do barulho – “Chut! Vous Faites trop de bruit!”: Quel silence en bibliothèque aujourd’hui?.
O barulho e o sentirmo-nos incomodados por ele depende sempre de uma avaliação subjectiva: será possível estabelecer uma norma relativa ao ruído? De acordo com que parâmetros? O que é silêncio para uns não será barulho para outros? Analisa-se, então, as fontes do ruído, desde a actividade humana à actividade biblioteconómica, passando pelas conversas dos leitores. Não se deverá partir do princípio “como minimizar o barulho fruto da actividade humana”, em detrimento de “como fazer para que as pessoas não façam barulho”?
Após todas estas hipóteses, parte a autora para a acção: aconselha situações de flexibilidade, nomeadamente na utilização de telemóveis, avançando depois para a intervenção a nível estrutural, indicando materiais mais adequados à absorção do ruído, em detrimento de outros que o reflectem e difundem. Disserta também acerca da necessidade de evitar superfícies lisas e contínuas, pois estas facilitam a ressonância, nomeadamente de piso para piso; aborda então as questões de isolamento do chão, das paredes, dos tectos, das zonas comuns e das mezzanines.
Como todas as soluções supracitadas são consideradas essencialmente em fase de construção da biblioteca, a segunda parte do trabalho é particularmente importante (remediar o que já nasceu torto). Assim, as ligações entre luminosidade, materiais frios, cores frias, disposição de mobiliário e suas influências ao nível de ruído são também referidas. Constata-se que as zonas amplas não são motivo para a propagação do som, desde que o mobiliário seja usado de forma racional. Também o cruzar de olhares é estudado, sendo que o mesmo favorece o relacionamento interpessoal nas salas de leitura. Apresentam-se, pois, soluções de disposição de mobiliário para evitar as conversas informais nesse espaço e outras que, utilizando as estantes, permitem criar zonas estanques. Por último, referem-se formas de intervir na tomada de consciência colectiva, nomeadamente campanhas publicitárias a apelar ao bom senso dos utilizadores.
O adrian gostou e aconselha. Fruto de gráficos elucidativos e de uma linguagem escorreita, são 13 páginas sem ruído, em que tudo é mais-valia! A bem da nossa relação com este público tão específico que servimos.

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