segunda-feira, 7 de abril de 2008

Intermezzo


Intermezzo, s. m. (pal. ital.). Representação ligeira que se efectua entre dois actos de uma ópera ou drama. Trecho curto que liga as divisões principais de uma obra musical.

O fim último deste blogue sempre foi abordar tudo o que dissesse respeito a uma faixa etária que, nas bibliotecas, não encontra oferta para lá da que cumpre as necessidades formativas, no sentido mais estrito da palavra. Promove-se a leitura junto de públicos adultos, junto de crianças e, mesmo em relação aos adolescentes até aos 15 anos, as iniciativas vão surgindo. E a partir daqui? Porque é que, quando tantas vezes se fala em promoção da leitura para adolescentes, tudo acaba no 3º ciclo? A adolescência termina aos 15? Das Nações Unidas, a propósito da definição de jovens:

The United Nations (…) defines “youth”, as those persons between the ages of 15 and 24 years (…) within the category of “youth”, it is also important to distinguish between teenagers (13-19) and young adults (20-24)

Tivesse-se o supracitado como trave mestra para um balizar de faixas etárias e talvez a reflexão e consequente acção fosse outra. Encare-se o fim da escolaridade obrigatória e o início da integração no mercado de trabalho (ou seja, as idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos) como alvo natural de acções de promoção da leitura (que, aliás, viriam na sequência de tudo o que teria sido empreendido até então e subsequentemente) e talvez os resultados espantem os mais cépticos.

Mas porquê toda esta prosa, perguntar-se-ão? Poderá parecer questão de lana caprina mas o adrian, a partir de agora, terá um complemento de título diferente: de adolescentes e jovens adultos em biblioteca públicas passar-se-á para dos 15 aos 24 anos em bibliotecas. Tal reflecte, acima de tudo, os públicos sobre quem se fala e para os quais se quer trabalhar. Pretende-se, também, criar uma distinção explícita em relação a recomendações de leitura, uma vez que, se já existem ferramentas para a promoção de determinados títulos até final do 3º ciclo, a partir daí a oferta é mínima. Por último esta alteração pretende evitar aquilo que, por vezes, já terá acontecido a alguns dos que lêem estas linhas: sob um título de promoção de leitura para a adolescência, o indíviduo depara-se - em conteúdos impressos, páginas web ou outras situações -, com know-how sobre as idades até aos 15 anos, quando o que se pretende é, precisamente, conteúdos a partir dessa idade (a exemplo do que acontece com o SOL, da FGSR, com sugestões de leitura bem delimitadas, entre as quais a faixa dos 15 aos 18 anos).

Se repararem, desaparece também a menção públicas. Isto porque, se se quer um trabalho continuado de promoção da leitura, ele passar-se-á na biblioteca escolar (até final do secundário), e prolongar-se-á pela universitária, com omnipresença da pública. Os EUA, na primeira metade do século XX, tiveram amplos programas, espaços e colecções dedicados à literatura de lazer, nas suas bibliotecas universitárias. A partir de meados de ’50, resolveram inverter o posicionamento estratégico, tornando-se exclusivamente instrumentos de apoio ao estudo e à investigação. Ao fim de todos estes anos, estão a voltar à promoção da leitura. E porquê? Porque os estudantes universitários americanos, de forma geral, lêem pouco ou nada para lá do que está associado às tarefas académicas. Portugal não será um caso muito diferente, pelo que também esta vertente da promoção da leitura, cultura, educação e informação, junto dos estudantes do ensino superior, será aqui abordada. E já temos quem ponha mãos à obra, cá pelo rectângulo: a título de exemplo, esteja-se atento ao trabalho de Pedro Estácio à frente da Biblioteca da Faculdade de Letras... e não é exemplo único. Assim, a menção bibliotecas, isoladamente, permitirá a inserção de conteúdos sem incongruências.

Então, e o Adrian? Haverá lógica em manter a personagem? Claro que sim. Esta criação de Sue Townsend teve direito a 6 obras, que se estendem desde os seus 13 anos e ¾ (The growing pains of Adrian Mole, aged 13 ¾ - editado em 1982) até aos 33 e ¾ (Adrian Mole and the Weapons of Mass Destruction – editado em 2004). Com os mesmos amores e desamores por Pandora.

Intermezzo terminado, uma última nota: estejam atentos pois, para quem se interessa por estes assuntos, em breve o adrian trará quentes e boas (que justificarão também a diminuição no ritmo dos posts). Um abraço!

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