J. K. Rowling, J. R. R. Tolkien, Christopher Paolini, Stephenie Meyer, todos estes autores remetem para um género literário que invadiu, nos últimos anos, não só as estantes de livrarias e bibliotecas, como também alterou - positivamente - os hábitos de leitura de adolescentes e jovens de todo o mundo. Quais os motivos para tal explosão do "fantástico", que cativa até os públicos mais renitentes? Da entrevista de Maria do Rosário Monteiro ao DN:
“O público procura, compra, lê. Os editores e os próprios autores contactados pelo DN avançam a teoria, consensual entre eles, de que a literatura fantástica tem os seus momentos mais altos em tempos de desencanto e confusão. A professora Maria do Rosário Monteiro confirma esta ideia no estudo A Afirmação do Impossível: "Durante o século XX, a sociedade ocidental enfrentou várias crises que abalaram profundamente valores tidos como incontestáveis", adianta a docente de Estudos Portugueses na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (da Universidade Nova de Lisboa). "A física estilhaçou o universo newtoniano, a psicologia descobriu o inferno no íntimo de cada ser humano, o indivíduo perdeu referências e solidariedades que contribuíam para uma certa estabilidade emocional." (…) "Num mundo caótico, à beira do holocausto global, Tolkien abriu verdadeiramente o caminho que muitos trilharam depois, descobrindo novas vozes, novos mundos, oferecendo formas eficazes de escapismo", diz. O género fantástico ganhava um fôlego maior.”
Associar a este “fôlego” obras de autores portugueses afigura-se como algo incontornável, nomeadamente junto de adolescentes e jovens adultos. Aconselha-se, assim, As aventuras de João Sem Medo, de José Gomes Ferreira. José Jorge Letria afirmou, a propósito desta obra:
“poucos livros conseguiram operar de forma tão nítida este prodígio: foi escrito para a juventude, mas os chamados adultos identificaram-se plenamente com o universo mágico que ele encerra".
Um livro que é mais que uma história fantástica, é também uma crítica mordaz ao Fascismo. Do CITI – Centro de Investigação para as Tecnologias Interactivas:
“A crítica de Alexandre Pinheiro Torres a esta obra (in “Vida e Obra de José Gomes Ferreira”), é clara e deixa praticamente tudo dito acerca dela: "Livro sem qualquer paralelo na literatura europeia de hoje, ganha no confronto em relação a outras célebres alegorias políticas como "Animal Farm" de Orwell, ou as de Karel Capek. É que há (...) uma audácia à Swift ("Gulliver's Travel") de transfiguração e simbologia política que transcendem de bastante longe o burocratismo imaginativo de Orwell ou de Capeck, sem verdadeiras raízes nas tradições populares ou folclóricas que conferem a estas 'Aventuras' o seu carácter único".”
Junte-se-lhe um surrealismo muito familiar ao nonsense a que nos habituaram, por exemplo, os Gato Fedorento, e temos uma excelente referência literária para o nosso público. Como se não bastasse, a obra – editada pela D. Quixote –, surge agora em formato de bolso – portátil, logo, atraente para leitores mais novos –, no âmbito da nova colecção booket. No site desta colecção encontramos preços a condizer com o tamanho e, por último mas não de menor relevo, possibilidade de download do primeiro capítulo deste título.
O adrian sugere uma forma de o promover nas bibliotecas públicas e/ou escolares: colocar o livro em destaque, com a citação que se segue, correspondente à que João encontra escrita no Muro, quando se prepara para entrar no mundo fantástico:
“O público procura, compra, lê. Os editores e os próprios autores contactados pelo DN avançam a teoria, consensual entre eles, de que a literatura fantástica tem os seus momentos mais altos em tempos de desencanto e confusão. A professora Maria do Rosário Monteiro confirma esta ideia no estudo A Afirmação do Impossível: "Durante o século XX, a sociedade ocidental enfrentou várias crises que abalaram profundamente valores tidos como incontestáveis", adianta a docente de Estudos Portugueses na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (da Universidade Nova de Lisboa). "A física estilhaçou o universo newtoniano, a psicologia descobriu o inferno no íntimo de cada ser humano, o indivíduo perdeu referências e solidariedades que contribuíam para uma certa estabilidade emocional." (…) "Num mundo caótico, à beira do holocausto global, Tolkien abriu verdadeiramente o caminho que muitos trilharam depois, descobrindo novas vozes, novos mundos, oferecendo formas eficazes de escapismo", diz. O género fantástico ganhava um fôlego maior.”
Associar a este “fôlego” obras de autores portugueses afigura-se como algo incontornável, nomeadamente junto de adolescentes e jovens adultos. Aconselha-se, assim, As aventuras de João Sem Medo, de José Gomes Ferreira. José Jorge Letria afirmou, a propósito desta obra:
“poucos livros conseguiram operar de forma tão nítida este prodígio: foi escrito para a juventude, mas os chamados adultos identificaram-se plenamente com o universo mágico que ele encerra".
Um livro que é mais que uma história fantástica, é também uma crítica mordaz ao Fascismo. Do CITI – Centro de Investigação para as Tecnologias Interactivas:
“A crítica de Alexandre Pinheiro Torres a esta obra (in “Vida e Obra de José Gomes Ferreira”), é clara e deixa praticamente tudo dito acerca dela: "Livro sem qualquer paralelo na literatura europeia de hoje, ganha no confronto em relação a outras célebres alegorias políticas como "Animal Farm" de Orwell, ou as de Karel Capek. É que há (...) uma audácia à Swift ("Gulliver's Travel") de transfiguração e simbologia política que transcendem de bastante longe o burocratismo imaginativo de Orwell ou de Capeck, sem verdadeiras raízes nas tradições populares ou folclóricas que conferem a estas 'Aventuras' o seu carácter único".”
Junte-se-lhe um surrealismo muito familiar ao nonsense a que nos habituaram, por exemplo, os Gato Fedorento, e temos uma excelente referência literária para o nosso público. Como se não bastasse, a obra – editada pela D. Quixote –, surge agora em formato de bolso – portátil, logo, atraente para leitores mais novos –, no âmbito da nova colecção booket. No site desta colecção encontramos preços a condizer com o tamanho e, por último mas não de menor relevo, possibilidade de download do primeiro capítulo deste título.
O adrian sugere uma forma de o promover nas bibliotecas públicas e/ou escolares: colocar o livro em destaque, com a citação que se segue, correspondente à que João encontra escrita no Muro, quando se prepara para entrar no mundo fantástico:
É PROIBIDA A ENTRADA A QUEM NÃO ANDAR ESPANTADO DE EXISTIR
Não deixa de ser curioso que esta frase se identifique tão bem com os motivos supracitados que avalizam o gosto por este género literário: os “tempos de desencanto e confusão”. Tudo se encaixa.
FERREIRA, José Gomes. As aventuras de João Sem Medo. Lisboa : Booket, 2008. 176 p. ISBN 978-972-2035-53-8.
FERREIRA, José Gomes. As aventuras de João Sem Medo. Lisboa : Booket, 2008. 176 p. ISBN 978-972-2035-53-8.
foto de pormenor das Tentações de Santo Antão (Hieronymus Bosch),
que ilustra a mais recente capa d’As Aventuras de João sem Medo aqui
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