terça-feira, 12 de agosto de 2008

Verba volent, scripta manent


Se as palavras voam e os escritos ficam – segundo a locução latina –, poderão ficar na memória de muitos jovens os caracteres impressos que compõem o conto de abertura d’O prazer da leitura, edição conjunta FNAC/Teorema para assinalar o Dia Mundial do Livro 2008. A história de João Aguiar – que também dá título a este post – fala-nos de um rapaz de 16 anos que se depara com um universo novo: o dos livros.
Um mês de castigo em casa do primo Jeremias, numa quinta fora do mundo – Cabeções do Vouga –, sem telemóvel, Internet, PC, Playstation e Ipod, introduz Gonçalo nas páginas de Umberto Eco, Eça e – milagre dos milagres -, o protagonista dá por si a ter receio de acabar o seu tempo longe da civilização sem conseguir ler tudo o que o armário dos livros proibidos – fechado à chave - encerrava. Bem esgalhado!
A par do mencionado, outros autores contribuem para esta obra: Mário Cláudio, Francisco José Viegas, Lídia Jorge, Luísa Costa Gomes, Manuel Jorge Marmelo, Maria Teresa Horta, Filipa Melo, Nuno Júdice e Rui Zink, todos eles compõem acerca do prazer de ler.
Uma última mais-valia: as receitas deste livro revertem, na sua totalidade, para a AMI. E os jovens são gente de causas, ou não? O adrian aconselha vivamente a aquisição, a título particular e/ou para enriquecer o acervo das bibliotecas públicas e escolares.
AGUIAR, João [et al.]. O prazer da leitura. Lisboa : Fnac; Teorema, 2008. 219 p. ISBN 978-972-695-755-3.
foto aqui

4 comentários:

Nuno Marçal disse...

Bem haja companheiro Gaspar pela tua constante atenção ao trabalho que se desenvolve por estes lados de Portugal ignorado e muitas vezes ostracizado!

Saudações Bibliotecárias
1 Forte canhota

Nuno Marçal
Bibliotecário-Ambulante

Gaspar Matos disse...

Não imaginas a vontade que tantas vezes sinto em aí estar, nesse Portugal ostracizado mas mais Portugal, mais genuíno.

Um abraço!

Anónimo disse...

Gaspar, que resposta mais miserável... + valia estar calado. Querias estar no portugal + "ostracizado" (é onde os livros andam de carrinha?)... o que é isso? tens complexos de superioridade e depois num "desabafo" gostavas de fazer parte de outro Portugal? Não te enxergas ou precisas de usar/mudar de óculos?! Se a tua consciência te incomoda, muda-te pá!

De certeza vives à custa do Estado Português (típico funcionário público português) e depois a tua consciência de vez em quando incomoda-te, é? Dá o dinheiro (ou parte) do teu salário para a caridade e vais ver que ficas + feliz.

ps. considerar que um jovem que "descobriu o gosto pela leitura aos 18 anos" é uma "boa nova" é mais um dos teus típicos disparates. Então não é um caso exemplar que a educação em espanha tb tem falhas? Deve ser de estares a chegar à idade sénior e teres complexos de jovem (" :-) 'Bora lá!"), que afectam todas as tuas postagens (que também têm qualidade, caso contrário não perdia tanto tempo nesta escrita). Mas tu irritas-me, pá e tb tive de desabafar publicamente (apesar do anonimato), para me sentir melhor e ver se ganhas algum juízo, pois afinal, tu não vives no Portugal Portugal.

Gaspar Matos disse...

Caro Anónimo,

Respondo-lhe. Não tanto por si, mas pelo respeito devido aos demais leitores deste blogue (para todos os efeitos, o senhor não é real, não existe, é fruto do anonimato que o ciberespaço permite).

Gostaria, pois, de trabalhar no Portugal profundo e ostracizado: são espaços genuínos, onde a visita periódica de uma biblioteca ambulante – como é o caso do bibliomóvel de Nuno Marçal – é antecedida de uma salutar ansiedade por parte de quem a recebe. É um direito que me assiste. Já a si não lhe assiste o direito de me tratar por "tu" nem por "pá". É, no mínimo, pouco elegante.

Diz que vivo à custa do Estado Português... Digo eu, pelo contrário, que talvez seja o Estado Português o devedor. No entanto, da minha situação profissional não me parece que deva explicações seja a quem for. Apenas lhe garanto que está tremendamente equivocado. Em todo o caso, terei todo o gosto em partilhar o meu parco vencimento com obras caritativas, nomeadamente apoiar o estimado anónimo nas consultas de psicoterapia de que parece necessitar.

O facto de um jovem descobrir o prazer da leitura aos 18 anos merece ser objecto de tanto ou mais regozijo quanto alguém que o encontre aos 28, 38, 48, 58 ou 68 anos. Nunca é tarde. Além do mais, e uma vez que parece estar atento a este espaço (e até lhe reconhece alguma qualidade), deveria prestar mais atenção aos estudos que aqui têm sido mencionados: o senhor não sabe – ou não quer saber, ou não lhe convém –, que muitos jovens retomam hábitos de leitura por estas idades, após terem estado 5 e mais anos sem lerem uma única linha de texto impresso.

Quanto aos “complexos de jovem”, parece V. Exa. desconhecer uma das regras elementares da comunicação interpessoal: aproximarmo-nos do nível de linguagem dos nossos interlocutores. E se, por um lado, este blogue é acedido por profissionais com interesse pelas temáticas abordadas, por outro também os jovens aqui vêm, aconselhados precisamente pelos primeiros. Daí que uma escrita mais informal seja importante para criar afinidades com tais leitores.

Se o "irrito" ou se acha que tenho "complexos de superioridade", tal parece ser um problema seu. Apraz-me que se sinta melhor por ter "desabafado publicamente", apesar de lamentar que o tenha feito anonimamente (depreendendo-se, portanto, que cobardemente).

Quanto a "não viver no Portugal Portugal", vivo e contribuo para o mesmo quanto mais não seja com o adrianepandora - um espaço de partilha altruísta -, que contrasta com o seu comentário nada construtivo.

Pelo estilo e linguagem, parece-me não ser a primeira vez que aqui deixa verter o seu fel. Sinceramente, não compreendo a razão. Poderá, no entanto, continuar a partilhar as suas opiniões, conquanto venha a identificar-se devidamente e seja correcto no trato para com os destinatários das suas palavras. Não somos – nem eu nem os restantes leitores –, obrigados a tolerar a sua falta de chá. Permita-me que lhe recomende tília: sentir-se-á melhor, com toda a certeza :-)

Atentamente,

Gaspar Manuel da Costa Matos