Em linha com a recomendação anterior – e porque biografias e autobiografias são um género particularmente atraente para adolescentes (texto in International Reading Association) –, apresenta-se mais uma proposta de leitura, que integra a Booklist 2004/2005 da American Library Association. Obra de Hiner Saleem, tem por título A espingarda do meu pai. Da contracapa, um excerto:
“Chamo-me Azad Shero Selim. Sou o neto de Selim Malay. O meu avô tinha muito humor. Dizia que tinha nascido curdo numa terra livre. Depois chegaram os Otomanos e disseram ao meu avô: tu és otomano. Após a queda do Império Otomano, tornou-se turco. Os turcos foram embora e ele voltou a ser curdo no reino de Cheikh Mahmoud, Rei dos Curdos. Depois chegaram os ingleses e, então, o meu avô tornou-se súbdito de Sua Graciosa Majestade e chegou, até, a aprender algumas palavras em inglês. Os ingleses inventaram o Iraque, o meu avô tornou-se iraquiano, mas nunca chegou a compreender o enigma desta nova palavra, Iraque, e até ao seu derradeiro suspiro não sentiu qualquer espécie de orgulho em ser iraquiano; o seu filho, meu pai, Shero Selim Malay, também não. Mas eu, Azad, era ainda um miúdo.”
Sobre a obra:
“Mais do que um manifesto político, A Espingarda do Meu Pai é o relato, de uma simplicidade desconcertante, da luta permanente do povo curdo para conservar a sua identidade cultural. Ainda que na vida quotidiana sejam constantes o horror, a fome e o exílio, o jovem narrador mantém inalterada a vontade de viver, o bom humor e os sonhos. Ligado à causa da liberdade curda, ele não se sente obrigado a apresentar os seus compatriotas como santos ou heróis, mas sim como pessoas normais, cheias de qualidades e defeitos, impregnadas de uma verdade e de uma singeleza que as torna imediatamente familiares ao leitor. O pai que nunca se separa da sua velha espingarda russa, a mãe que concorda com ele em todas as circunstâncias, o primo que cria pombos acrobatas, o irmão que combate nas montanhas, todos eles são personagens de uma galeria inesquecível que nos ajuda a mergulhar num dos dramas mais pungentes da realidade política contemporânea, dando-nos a conhecer os contornos de uma situação que ninguém quis ainda resolver.”
E sobre o autor:
“Hiner Saleem nasceu em 1964, no Curdistão iraquiano. Depois de viver alguns anos em França, como exilado político, mudou-se para Itália, vivendo agora em Paris. Também realizador de cinema, a sua última longa-metragem, Vodka Lemon, obteve o prémio Contra-corrente do Festival de Veneza. A Espingarda do Meu Pai está traduzido em vinte línguas.”
O adrian aconselha especial atenção ao texto da International Reading Association. E, já agora, porque não aproveitar os livros de Ishmael Beah e de Hiner Saleem para um grupo de leitores?
“Chamo-me Azad Shero Selim. Sou o neto de Selim Malay. O meu avô tinha muito humor. Dizia que tinha nascido curdo numa terra livre. Depois chegaram os Otomanos e disseram ao meu avô: tu és otomano. Após a queda do Império Otomano, tornou-se turco. Os turcos foram embora e ele voltou a ser curdo no reino de Cheikh Mahmoud, Rei dos Curdos. Depois chegaram os ingleses e, então, o meu avô tornou-se súbdito de Sua Graciosa Majestade e chegou, até, a aprender algumas palavras em inglês. Os ingleses inventaram o Iraque, o meu avô tornou-se iraquiano, mas nunca chegou a compreender o enigma desta nova palavra, Iraque, e até ao seu derradeiro suspiro não sentiu qualquer espécie de orgulho em ser iraquiano; o seu filho, meu pai, Shero Selim Malay, também não. Mas eu, Azad, era ainda um miúdo.”
Sobre a obra:
“Mais do que um manifesto político, A Espingarda do Meu Pai é o relato, de uma simplicidade desconcertante, da luta permanente do povo curdo para conservar a sua identidade cultural. Ainda que na vida quotidiana sejam constantes o horror, a fome e o exílio, o jovem narrador mantém inalterada a vontade de viver, o bom humor e os sonhos. Ligado à causa da liberdade curda, ele não se sente obrigado a apresentar os seus compatriotas como santos ou heróis, mas sim como pessoas normais, cheias de qualidades e defeitos, impregnadas de uma verdade e de uma singeleza que as torna imediatamente familiares ao leitor. O pai que nunca se separa da sua velha espingarda russa, a mãe que concorda com ele em todas as circunstâncias, o primo que cria pombos acrobatas, o irmão que combate nas montanhas, todos eles são personagens de uma galeria inesquecível que nos ajuda a mergulhar num dos dramas mais pungentes da realidade política contemporânea, dando-nos a conhecer os contornos de uma situação que ninguém quis ainda resolver.”
E sobre o autor:
“Hiner Saleem nasceu em 1964, no Curdistão iraquiano. Depois de viver alguns anos em França, como exilado político, mudou-se para Itália, vivendo agora em Paris. Também realizador de cinema, a sua última longa-metragem, Vodka Lemon, obteve o prémio Contra-corrente do Festival de Veneza. A Espingarda do Meu Pai está traduzido em vinte línguas.”
O adrian aconselha especial atenção ao texto da International Reading Association. E, já agora, porque não aproveitar os livros de Ishmael Beah e de Hiner Saleem para um grupo de leitores?
SALEEM, Hiner. A espingarda do meu pai. Porto : ASA, 2004. 94 p. (Documentos). ISBN 972-41-4041-5.
2 comentários:
Olá Boa Tarde,
Começo por felicitar este blog, precisamos sempre de mais educação, cultura e informação, e os blogs são um bom meio para isso.
Aproveito para vos convidar a espreitar o blog www.mestrefilipe.blogspot.com e conhecerem o nosso trabalho
Ate sempre.
Caro Mestre (e respectivas ajudantes :-)
Parabéns pela vossa iniciativa!
Gostei muito das vossas marionetas e do vosso ofício, então, nem se fala. Também eu, que escrevo, sou bonecreiro do adrian, mas manipulo teclado ;-)
Um abraço!
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